terça-feira, 7 de setembro de 2010

Umbelino... outra história


O macaco Umbelino, que vocês já conhecem, escreveu-me outra vez. Não sei em que país é que ele agora está, que nem reparei no selo do sobrescrito, mas, onde quer que esteja, é um país com telhados e chaminés.

Foi mesmo de tanto olhar para os telhados e chaminés que o Umbelino teve uma ideia:

- Vou trabalhar por conta própria. Os telhados destes prédios não são para qualquer um. Lá no alto, os homens têm vertigens, mas os macacos não. Vou fazer-me limpa-chaminés.

Arranjou uma corda grossa e muito comprida, uma vassoura com cabo maior que mastro de navio e pôs-se a tocar às campainhas das portas.

- Quem é? - perguntavam.

- Limpa-chaminés - respondia ele, engrossando a voz.

- Não é preciso - e batiam-lhe com a porta na cara.

Certa vez, ia ele a passar, ouviu esta conversa entre duas porteiras:

- A inquilina do 3º esquerdo é uma esquisita. Desconfio que tem macaquinhos no sótão... - dizia uma delas.

O macaco Umbelino estacou, deitou contas à vida e resolveu subir ao 3º andar. Truz! Truz!

A porta abriu-se e uma senhora com tranças meio desfeitas, grandes óculos de tartaruga e um ar, realmente, muito esquisito, espreitou.

- Se é para limpar a chaminé, não preciso - disse ela.

O macaco fez um gesto, como quem diz que por tão pouco não iria incomodá-la, e começou a sua explicação:

- Saiba V. Exª que, no meu ofício, faz-me falta um aprendiz que me ajude a transportar a vassoura, que converse comigo...

- E que tenho eu com isso? - interrompeu a abespinhada senhora.

O macaco prosseguiu:

- Como ouvi ainda agora dizer que V. Exª tinha macaquinhos no sótão, pensei que...

- Atrevido, malcriado - gritou a senhora. - Olhe que eu chamo a Polícia.

Se ela chamou ou não chamou, o macaco Umbelino não conseguiu saber, porque fugiu a tempo.

Sempre quero ver o que ele me contará na próxima carta.

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